terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Hoje Não te vi em Babilónia.

A pensar em algumas coisas lembrei-me do título do livro do António Lobo Antunes, Hoje não te vi em Babilónia e saiu-me isto:

Saía do escritório em direcção ao café forte que me aconchegava nos últimos minutos da minha hora de almoço, ia um pouco ansioso. Era num centro comercial não muito grande, envelhecido e, segundo se dizia há alguns anos, perigoso. É certo que havia ali próximo diversas pastelarias onde poderia sentar-me e acompanhar o café com um colorido e exuberante bolo, daqueles ditos de fabrico próprio e, no entanto, iguais a tantos outros em outras pastelarias de diversos pontos do país, mas aquele centro comercial entrepunha-se no meu caminho desde que mudei de emprego e rumei a um escritório na Amadora. Posição esta que se intensificou quando há um par de meses, quando questionado por um colega acerca das razões que me levavam a ir religiosamente ali, dei contigo a dobrar umas peças de roupa numa das primeiras lojas. Fiquei estático, não sei se era o sorriso satisfeito ou o vigor com que dobravas camisola sobre camisola que me prendeu a ti. Disfarcei e, embora sentisse que não tinha já idade para estas coisas, senti as maçãs do rosto acalentarem-se quando olhaste na minha direcção. Avancei em direcção ao meu colega que havia parado alguns metros à minha frente. Desde então afastei todas as hipóteses de abandonar o Babilónia.

Todos os dias, próximo da hora certa ali passava e te sorria.

"Amanhã será o dia em que te convidarei para um café" - pensei ontem.

Mas, Hoje, não te vi em Babilónia.

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