quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Sou a tua menina papá, tens de me mentir!

Sou a tua menina papá.
Preciso hoje daquele colo que me davas
quando eu cabia  debaixo da mesa da sala da casa dos avós.
Preciso da tua mão a apertar a minha
e a assegurar-me que não caio,
como quando as minhas botas faziam soar
as folhas das árvores caídas ao lado do rio.
Vamos fazer um pacto de hoje e para sempre:
Mente-me!
Vais dizer-me que és o homem mais forte do mundo
E que ninguém me fará mal.
Que serás como uma chita e que correrás
Para me proteger em qualquer lugar.
Que sou o teu bem mais precioso
e que nunca tinhas conhecido o amor,
até me pegares ao colo pela primeira vez,
nas tuas mãos tão grandes como eu.
Sou a tua menina, papá!
Vais dizer-me que sou intempestiva mas que
a minha tempestade
é a mais bela chuvada de uma noite de Agosto
e que a energia que emana
de cada relâmpago,
apesar de agressiva e assustadora,
abre ao longe os caminhos mais escuros e impenetráveis.
Diz-me que vais ter orgulho em mim,
que para ti vou ser sempre a melhor.
Diz-me que estarás para sempre aqui.
Sou a tua menina, papá!
Tens de me mentir!

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