Ouvia-se um motor a roncar. Uns saltos dos sapatos de verniz trotavam no cimento enquanto a mulher de meia idade corria para o comboio.
Menos de um minuto e partiria.
Ela estava dentro do comboio a carregar sucessivamente no botão da porta para que esta não interferisse nos seus últimos momentos juntos do dia.
Ele estava fora do comboio a tentar não tapar a passagem às pessoas que tentavam a ultima corrida para não o perder.
Nos últimos segundos um homem deu um encontrão ao rapaz, que se desequilibrou e deu alguns passos para trás.
Ela, atónita com o acontecimento, olhou-o e ele lançou-lhe um beijo pelo ar mas a porta fechou-se.
E o beijo ficou perdido no ar.
Quantos existirão perdidos?
Um comentário:
uma vez ia a caminhar na rua e senti algo doce e suave no rosto.
talvez um tenha deixado de ficar perdido.
Postar um comentário