domingo, 10 de fevereiro de 2008

Uma flor de verde pinho

Eu podia chamar-te pátria minha
dar-te o mais lindo nome português
podia dar-te um nome de rainha
que este amor é de Pedro por Inês.

Mas não há forma não há verso não há leito
para este fogo amor para este rio.
Como dizer um coração fora do peito?
Meu amor transbordou. E eu sem navio.

Gostar de ti é um poema que não digo
que não há taça amor para este vinho
não há guitarra nem cantar de amigo
não há flor não há flor de verde pinho.

Não há barco nem trigo não há trevo
não há palavras para dizer esta canção.
Gostar de ti é um poema que não escrevo.
Que há um rio sem leito. E eu sem coração.

Manuel Alegre

Um comentário:

Anônimo disse...

Não há frase que o diga ou paredes que o delimitem. Podias tentar agarrá-lo, defini-lo, enclausurá-lo, se a sua própria essência não te escapasse. Porque o amor, apesar de vindo do que mais profundo há em nós, é tanto mais do que nós alguma vez seremos.

E podias tentar esquecê-lo, se ele não fosse tudo isso que não é, porque eu não o sei dizer... E ninguém o sabe - só senti-lo, só senti-lo faz sentido.

(adorei o poema)
***=)