É tanto o silêncio e eu (já) não te consigo ouvir.
A CAMA. A CAMA. NÃO. O QUARTO. A
TORNEIRA. A CAMA. PING. PING. PING.
NÃO. O QUARTO. O SOALHO. A CAMA. NA CAMA. NA CAMA. A TORNEIRA. AS CHAVES. NA PORTA. NÃO. NÃO. TU. A CAMA. NA CAMA. EU. EU. EU. Vens? Não vens? Mais logo? Amanhã? Hoje? Ainda? Às 2h? Às 3h? São 6h da manhã e ainda te espero para jantar. NÃO. Para ir ao café. NÃO. Ao cinema. A última sessão. NÃO. NÃO. Pára. Pára. Já CHEGA. Já não há sessão. São seis horas da manhã e ainda te espero.
NÃO. O QUARTO. O SOALHO. A CAMA. NA CAMA. NA CAMA. A TORNEIRA. AS CHAVES. NA PORTA. NÃO. NÃO. TU. A CAMA. NA CAMA. EU. EU. EU. Vens? Não vens? Mais logo? Amanhã? Hoje? Ainda? Às 2h? Às 3h? São 6h da manhã e ainda te espero para jantar. NÃO. Para ir ao café. NÃO. Ao cinema. A última sessão. NÃO. NÃO. Pára. Pára. Já CHEGA. Já não há sessão. São seis horas da manhã e ainda te espero.
Para nada.
E tu? Nada.
NÃO. NÃO. NÃO. TU?
Nada. Silêncio (enquanto balão esvazia)
Voltas. Um poema. Uma canção.
Meia dúzia de palavras, as suficientes. Muitos sorrisos. Olhos nos olhos e
silêncios. Dos bons. Dos que se conseguem ler. Cheios.
Mas tu és como as marés. Quanto
mais enches, mais esvazias e vais. Na boleia de um camião de lixo. Onde
deitaste fora os meus restos.
Eu fico a Encher. Encher. Encher.
Encher. (enquanto o balão enche). Engulo para
guardar.
(texto da performance Despedida inserida no ciclo de performances Silencios(a)mente, versão original Agosto 2011)
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