Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos (...)
José Saramago - Cadernos de Lanzarote III pp.148
...e privatizem-se o amor e a paixão.
Privatizem-se as festas na cabeça, privatizem-se os abraços. Privatizem-se os
passeios de mãos dadas e os silêncios. Sim os silêncios. Os cúmplices e
apaixonados. Os amedrontados. Os tímidos. Privatizem os primeiros beijos, os
calafrios nas barrigas das pernas, as borboletas na barriga. Privatizem o sonho
e a vontade de viver. Privatizem tudo o que de bom há no mundo que a mim já não
me importa.
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